Formação do complexo
da saúde de Ribeirão Preto
Desde 1896, com a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto – o primeiro hospital do município –, a área da saúde vem crescendo e se desenvolvendo nos setores de prestação de serviços, comércio especializado e fabricação de produtos voltados ao cuidado humano e animal.
Entre 1924 e 1952, surgiram as instituições de ensino superior dedicadas ao ensino e pesquisa na área da saúde: a Faculdade de Farmácia e Odontologia (1924), a Faculdade de Enfermagem (1951) e a Faculdade de Medicina da USP (1952). Esse movimento continuou ao longo do século XX, tornando a cidade um importante polo educacional da saúde.
Com a formação de profissionais como médicos, fisioterapeutas, biomédicos, farmacêuticos, enfermeiros, engenheiros clínicos, essas instituições impulsionaram a formação de mão de obra qualificada para prestação de serviços na área da saúde.
Ao desenvolverem pesquisas e formarem técnicos e pesquisadores no campo da eletroeletrônica, física médica e biotecnologia, cultivaram um terreno fértil para fomentar a consolidação de uma das cadeias produtivas da saúde mais completas do país. Trata-se de um ecossistema articulado que integra instituições de ensino e pesquisa, indústrias farmacêuticas, de equipamentos e materiais médico-hospitalares, de cosméticos, empresas de biotecnologia, comércio especializado e uma ampla rede de serviços assistenciais.
Essa rede, composta por múltiplas cadeias produtivas interconectadas, foi sendo construída gradualmente a partir de iniciativas educacionais, científicas e empreendedoras, que sedimentaram as bases de um setor inovador, competitivo e com alto potencial de expansão.

As origens: formação de profissionais e produção de conhecimento
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Em 1924, foi fundada a Sociedade Escola de Pharmácia e Odontologia de Ribeirão Preto, a primeira instituição de ensino superior da cidade, idealizada por educadores, intelectuais e profissionais da saúde. Voltada à formação de farmacêuticos e cirurgiões-dentistas, essa escola contribuiu para abastecer consultórios, farmácias, drogarias e hospitais de toda a região. Hoje, é a Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), uma das instituições que integram o conselho consultivo da CPL da Saúde.
Nos anos 1950, o Governo do Estado de São Paulo escolheu Ribeirão Preto para sediar dois importantes polos de ensino superior público:
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A Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, criada em 1951, com aulas iniciadas em 1953, que formou milhares de enfermeiros e técnicos para atuar em hospitais e serviços de saúde de todo o país;
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A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, criada em 1952 e oficialmente instalada em 1953, que consolidou a cidade como polo científico, referência em produção de conhecimento e em qualificação de serviços de alta complexidade.
Essas instituições estabeleceram a base intelectual e científica da cadeia produtiva da saúde, promovendo pesquisa aplicada, extensão universitária, formação de recursos humanos e prestação de serviços à população, além de impulsionar a chegada de laboratórios, clínicas e hospitais.
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Indústrias e inovação: ganha força o elo produtivo ganha força
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Embora os empresários do setor tenham a memória da existência de indústrias da saúde em Ribeirão Preto desde a década de 1960, foi a partir dos anos 1980 que o setor industrial começou a se expandir com mais vigor, especialmente com a instalação de empresas voltadas para produtos hospitalares e odontológicos.
Entre 1986 e 1995, houve um crescimento expressivo de empresas dos segmentos médico, odontológico e laboratorial, muitas delas surgidas a partir de spin-offs acadêmicos, incubadas em centros de inovação como o Supera Parque ou criadas por egressos das universidades locais.
As empresas passaram a desenvolver e fabricar:
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Materiais hospitalares e odontológicos;
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Aparelhos eletromédicos;
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Fármacos e medicamentos;
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Cosméticos com aplicação terapêutica;
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Equipamentos de diagnóstico;
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Soluções para saúde animal e biotecnologia.
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Esse crescimento foi impulsionado pela oferta de mão de obra qualificada, centros de pesquisa de excelência, hospitais de ensino e políticas públicas voltadas ao fomento da inovação e do empreendedorismo.
Serviços e comércio especializado: elos fortes da cadeia
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Paralelamente à industrialização, os setores de serviços e comércio da saúde também se fortaleceram. Clínicas especializadas, consultórios, hospitais privados, laboratórios, distribuidoras, drogarias, centros de diagnóstico e de imagem passaram a compor uma retaguarda robusta da cadeia, promovendo emprego, renda e expansão regional.
Serviços como medicina, odontologia, análises clínicas, estética, fisioterapia, nutrição, saúde mental e veterinária tornaram-se âncoras econômicas relevantes, respondendo à crescente demanda por bem-estar, envelhecimento populacional e ampliação do acesso à saúde.
No comércio, destaca-se a alta densidade de farmácias. Segundo reportagem da Revista Revide(2018), Ribeirão Preto possuía 286 farmácias — 53 de manipulação e 233 drogarias —, o que representa uma farmácia para cada 2.400 habitantes, número significativamente superior à recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) (uma para cada 8.000). Esse dado revela a importância do varejo farmacêutico na estrutura da cadeia.
Organização setorial
Consórcio de exportação BHP
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Em 2002, foi criada a primeira iniciativa empresarial de exportação articulada na área da saúde: o Consórcio Brazilian Health Products (BHP), com apoio do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX)-Brasil e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)-SP. Focado em equipamentos médico-hospitalares e odontológicos, o consórcio iniciou com 12 empresas e chegou mais de 100, dentro do Projeto Setorial Integrado (PSI) do Brazilian Medical Devices.
Durante três anos, as empresas adquiriram know-how em marketing internacional e estruturaram seus departamentos de exportação. O BHP superou suas metas iniciais e tornou-se referência para outros consórcios e arranjos empresariais voltados à internacionalização da produção local.
Arranjo Produtivo Local da Saúde (Apl da Saúde)
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Em 17 de fevereiro de 2015, foi fundada a Associação do APL da Indústria da Saúde de Ribeirão Preto, reunindo empresários, universidades, o setor público e instituições como CIESP, SEBRAE, Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde (FIPASE) e Supera Parque.
Composta por cerca de 30 empresas, a governança do APL possibilitou a construção de estratégias coletivas voltadas à inovação, exportação, qualificação de mão de obra e fortalecimento de cadeias locais. Seu primeiro presidente foi o empresário André Mere. Em 2017, a diretoria foi renovada, com Izaquel Martins Rosa assumindo a presidência e Robson Melchiades Cardoso a vice-presidência.
Desde então, o APL promove capacitações, rodadas de negócios, participação em feiras e eventos nacionais e internacionais, fortalecendo a identidade e a competitividade do setor.
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Cadeira Produtiva Local da Saúde (Cpl da Saúde)
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Em 2024, teve início uma nova etapa dessa trajetória: a estruturação da Cadeia Produtiva Local (CPL) da Saúde de Ribeirão Preto, com apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.
A CPL da Saúde foi reconhecida pelo Governo do Estado como cadeia consolidada, com forte densidade produtiva e alto grau de articulação entre seus elos. Essa classificação permitiu sua habilitação para o Edital SDE/CDRT nº 02/2024, que financiou um amplo diagnóstico do setor, incluindo:
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Mapeamento das empresas da cadeia produtiva;
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Identificação de gargalos e oportunidades;
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Estratégias para atração de novos negócios;
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Propostas de fortalecimento da governança e da inovação.
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A consolidação da CPL da Saúde não representa apenas um marco institucional, mas a afirmação de uma trajetória construída de forma coletiva, onde conhecimento, cooperação e visão de futuro transformam a saúde em vetor de desenvolvimento humano e econômico para toda a região.
Principais datas
2015
Criação
Iniciativa de instituições e empresários do setor da saúde, foi criada a APL da Saúde, tendo como primeiro presidente, o empresário do setor André Mede.
2017
Nova diretoria
a diretoria foi renovada, com Izaquel Martins Rosa assumindo a presidência e Robson Melchiades Cardoso a vice-presidência
2018
Internacional
Empresários associados à APL da Saúde participaram de feira do setor na Alemanha. A troca de experiências é um pauta importante .
2024
CPL
APL da Saúde é selecionado em edital do governo do estado para ação de fortalecimento da cadeia produtiva da saúde n região metropolitana de Ribeirão Preto..